quarta-feira, 10 de junho de 2009

Bernardo

A nuca branquinha e limpa. Cortou o cabelo faz uns 15 dias, quando chegou na sala com mais cara de bebê. Um alargador na orelha esquerda dá o charme. Seus cabelos parecem tão macios... minhas mãos morrem de vontade de experimentá-los num passeio. É uma delícia ficar reparando-o assim por trás. Estou sentada atrás dele. Quando entrei na sala, atrasada pra variar, ele sorriu e disse que eu sumi. Eu sorri também e respondi que não vim mesmo na semana passada. Toda hora ele se mexe um pouco e olha pra trás com rabo-de-olho. Não sei se percebe que eu fico o reparando.
Hoje ele está vestindo uma jaqueta que parece de motociclista esportivo. Motociclista urbano. Eu me lembro da cena final de Le Fabuleux Destin d'Amélie Poualin. E agora fiquei vermelha, porque ele acabou de se virar pra trás e perguntar se eu vou viajar no feriado. Mal sabe ele que eu já estou viajando, me imaginando na sua garupa, agarrada em seu corpo, cheirando sua nuca branquinha.
Me disse uma vez que é zagueiro. Daqueles marrentos, que metem porrada. Disse que joga às vezes num campo perto da minha casa. E eu fiquei rindo que nem boba, porque adoro futebol e achei graça no jeito dele falar paracendo criança. Mas nesses papos no caminho do ponto de ônibus ele também falou na namorada, que torce pro mesmo time que eu. Pena.
Nem tudo é perfeito.

Um comentário:

Jaya Magalhães disse...

Que texto lindoooooooooooooooo! Dos mais lindos que já li aqui. Teu jeito de narrar, sabe? Foi como se eu estivesse ali, na sala de aula, enxergando você e ele.

E bom, perfeição não existe. Não mesmo. Isso, eu aprendi desde que nasci.

Beijo, Cá! Muitos beijos.