quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Voando

Achei que poderia ganhar um bolo. A proposta súbita poderia ter confundido. E confusão dá medo na gente. Não marquei o tempo, tentando fugir ingênua de uma ansiedade inevitável. Cara de sono, cabelos despenteados pela chuva de uma tarde que deveria ter sido quente. E a noite, que tornava as ruas desertas e as minhas mãos aflitas era fria; um vento gelado endurecia uma espera. Cheguei a contar segundo por segundo, enquanto alguma voz enganosa dizia que você não vinha. Cheguei a ouvir motores e sentir o coração acelerando. Mas nunca era você, já me consolava.
Eis que eu enxergo seus olhos se escondendo ao se aproximarem. E eu tentava esconder as mãos aflitas com meu sorriso trêmulo.

Eu simplesmente não parava de sorrir!

Quando o motor foi desligado meu coração já estava reduzido, acalmado pelo vento. Nossos assuntos se embolavam entre enganos e faltas. Me faltava o que falar, mas me sobravam palavras. Todas elas pulando da minha boca em direção a caminho algum. Sentia a todo momento meus olhos úmidos. E quase não tive coragem de olhar os seus.
Entre pedras fora de lugar e calçadas úmidas andamos lado a lado sem certeza de onde poderíamos chegar.

E eu simplesmente não parava de sorrir!

Parece que passei horas na garupa de alguém que só queria me levar ao ponto mais alto. Foi como se eu voasse nas suas asas, sem pressa de pousar.

E até agora eu não parei de sorrir!

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Ainda

Eu fiquei esperando. Estou assim desde dezembro. Talvez antes. Esperando por um sorriso, uma caretinha que só fica linda em você e um abraço que foi só uma vez.
Eu fiz as unhas, deixei meu olhar mais firme. Comi frutas, veruras e legumes. Tomei bastante água. Lavei os cabelos com cuidado, acariciei meu corpo, senti o cheiro de morango e apertei a minha pele macia depois. Tudo esperando o verão. O sol, a água. O barulho da cahoeira e um cheiro leve de coisa verde. Esperando ver você numa noite quente e sentir meu corpo se arrepiar ao te olhar e enxergar aquela beleza simples e comum. Esperei sentir, mesmo arrepiaada dos pés à cabeça, meu coração ferver ao ouvir sua voz.
Mas só tem chuva por aqui. E meu coração está morno, esperando você aparacer.

sábado, 10 de janeiro de 2009

gata no cio

ela se revirava e miava
berrava...
olhva para os lados
caminhava um pouco e ia se esbarrando nos objetos que encontrava
e se deitava pelo chão
roalava pelo chão miando sem parar

dizem que isso acontece com as gatas a cada 21 dias
foi o segundo dela, tadinha
ainda muito novinha, da primeira vez recusou um belo gato de sua raça
brigou com a sua dona que lhe trouxe o bofe
ficou agressiva, arranhando a tudo e todos

já nessa segunda, de repente, sorrateiramente...
ela se acha no telhado
ouve-se gritos
gatos miando e fazendo o telhando balançar
ui!!

daí eu fico pensando...
quanta coincidência!!
mas porque será que vc me chama de cachorra?
vai ver nunca teve uma gata...